9 de março de 2006

Banho de Cor

A tinta vermelha escorre pelo corpo, se misturando com a água no chão, entrando pelo ralo.
O escuro natural vai voltando as vistas e, lá no topo, alguns fiozinhos brancos tentam aparecer. "Ah essas tinturas vagabundas!"
O vapor deixa esquentar. O azuleijo vermelho esquenta e cria gotinhas de suor e a janela entreaberta mostra que lá fora é bem diferente... A noite, é frio e não existem sinais de fios brancos no topo.
Tinta vermelha vai pro ralo.
O enorme espelho que ocupa a parede pela metade não deixa ver as maravilhas que o corpo humano possui. Reflete vapor. Embassa e deixa ver o ar quente que circula no retângulo. Os pêlos vermelhos de raiva arrepiam. As unhas compridinhas e vermelhas arranham as costas enxarcadas de tintura barata, fervendo.Uma exclamação se escuta do lado de dentro...
E, nas pontinhas dos pés: - achei!!! - o vidro bordô escrito em letras garrafais "Shampoo Tonalizante Para Cabelos Vermelhos".

Nenhum comentário: