18 de abril de 2006

Tempo

Pois, sabe que, tanto tempo se passou e eu nem vi.
Há pouco tempo esse tal de tempo nem passava direito e eu lembro, lembro como se fosse ontem, que a gente sentava e ficava totalmente impaciente, não vendo a hora em que o tempo pudesse passar mais de pressa. E não é que esse maldito passou mesmo?
Tanto tempo passou e eu nem percebi.
Até, esses dias mesmo, estava eu dentro do banheiro gritando "mãe, vem me limpar!!!" e hoje... hoje se eu a chamasse para fazer um absurdo desses, na minha idade, escutaria uma boa gargalhada em vez do clássico "Já vou!".
Bons tempos aqueles em que minha mãe ainda me limpava...
Foi eu crescer um pouquinho, foi eu dar uma esticadinha e parece que o tempo no calendário fez processo contrário. Resolveu de diminuir, de se apressar, de sair correndo e me fazer correr junto, ao mesmo tempo. E nesse pouco tempo a gente aprende mais coisas do que imagina. Sempre parece que não vai dar tempo de saber mais nada do jeito que o tempo passa.
Agora mesmo, enquanto eu penso sobre o tempo, o tempo passa por mim e me faz correr junto com ele até onde ele quiser que eu chegue. É tanto tempo correndo sem saber onde essa estrada de tempo vai parar e quando vai parar e se um dia vai mesmo parar. Às vezes eu fico pensando que é melhor parar de pensar nessa história de tempo.
Dá medo que o tempo passe e a gente acabe o perdendo de vista por um tempo. Mas se for, parece que o tempo volta um pouquinho pra esperar, parece até que implora a companhia das pessoas. E, mesmo cada uma tendo um tempo diferente, correm ao mesmo tempo com seus tempos. Aí esse negócio de tempo acaba ficando bonito... acaba ficando poético e a gente acaba até achando linda a pressa que o tempo insiste em ter.
Chatos mesmo são os domingos, que o tempo resolve tirar uma folguinha e esquece da pressa. Passa lento, sonolento, bobo, contando os passos. Parece que domingo nunca mais vai acabar. Qualquer domingo. Mas domingo é sempre detalhe. A gente, nessa idade, normalmente quer ficar prevendo o que vai acontecer quando o tempo passar. E quando vê, o tempo já passou e o que a gente pensava que ia acontecer ficou com o passado. E chega o tempo de pôr as coisas em ação. E chega o tempo de ficar esperto e chega o tempo.... e... o tempo passou nos puxando pelo braço pela estranha estrada do tempo.
E assim vai até que, no final, as coisas que vêm, já foram. Inclusive o tempo.

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