8 de janeiro de 2006

Ritual Para Dormir

Enrolava-se entre os cobertores e travesseiros a busca de um sono profundo mas o calor do seu corpo somado à temperatura do quarto abafado já não a deixariam mais dormir.
Em intenso silêncio, trançava as pernas nuas e limpava o suor que lhe escorria na testa saindo dos negros cabelos. Rolava de um lado ao outro da cama tentando pescar o sono.
Se, pelo menos, alguém estivesse ali também.
Abraçava o travesseiro como se fosse gente. Passava a mão esquerda em seu próprio corpo com extrema delicadeza como se um outro alguém o fizesse.
As próprias mãos circulavam pelos seios cheios de suor e conseguia sentir o coração palpitando e a respiração ofegante.
Deixa o suor escorrer pelo corpo acompanhado pela mão. O suor pára na barriga, a mão continua. Desde até as brancas e gordas coxas as quais arranhava de leve, tornando a subir mas, agora, pela parte de trás. Segurva-se firme em seu próprio corpo, pensando um pouco arrependida de tais atos cometidos.
Deu-se um apertado abraço cravando as próprias unhas compridas e pintadas de preto nas costas como quem diz "eu sim te amo, sua vaca". Acariciou os cabelos, por cima, ainda como se outra pessoa o fizesse. Dormiu.

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