11 de janeiro de 2006

A Falta Que Faz Um Bom Vaso

"Na vida a gente faz opções", dizia o velho pai de cabelos prateados de tanta sabedoria.
A opção dele, às vezes parecia meio estranha. A opção dele era a de ir para longe, o mais longe que fosse possí­vel. Se o mundo fosse quadrado, certamente ele iria até um pouquinho antes da dobra pro nada, para não cair e perder a vida.
Por muitas vezes ele tentou ir para muito longe, o mais longe que fosse possí­vel. Mas sempre, sempre mesmo, em todas as tentativas de ir, lá pelas tantas do caminho ele se lembrava daquela estremecida gostosa que dava depois de fazer xixi. Ai como era bons a sensação de alí­vio na bexiga e aquele arrepio que dava fazendo estremecer as pernas, as costas e terminava sem mais no último fio de cabelo. Então resolvia não ir mais pois, quem sabe, onde fosse talvez nem tivesse um bom lugar para se fazer xixi e estremecer a vontade. Voltava para casa e dava uma bela mijada.
Tinha dias em que ele previa tudo o que ia acontecer. Nem levava muita coisa para não se aborrecer com o peso das malas. Ele sabia que uma hora ou outra a necessidade daquele arrepiozinho gostoso já iria voltar e lá iria ele, carregando tudo outra vez, de volta pra casa.
Mas uma coisa que ele nunca fazia era desistir... Nunca na vida ele desistiu de ir, mesmo que algo o trouxesse de volta. Ele nunca soube pra onde iria muito menos porque iria, mas, fato é, que o velho, desde novo, sempre foi e pretende continuar o fazendo até que consiga, quantas vezes forem necessárias, mesmo que a vontade de mijar o faça voltar.

Nenhum comentário: