25 de janeiro de 2006

Dia Desses

Naquele dia eu acordei com a sinfonia das sirenes desafinadas. "O que é agora?", rangi os dentes e espremi firme os dedos das mãos para não chorar.
A manhã, desde de bem manhã, já parecia vazia. Mesmo sendo preenchida pelos barulhos das sirenes, dos carros na rua e da TV ligada na sala.
- O que será que está acontecendo lá fora? - Perguntei alto enquanto ia vestindo o casaco, pelo corredor em direção à sala.
- Problemas... - respondeu alguém que assistia atentamente ao noticiário.
Não quis mais saber, problemas bastavam.
Fui até a cozinha, peguei uma xí­cara de chá bem quente e me sentei perto da janela. Fiquei ali olhando a névoa branca que não deixava ver o que acontecia. Era como se fosse uma janela para o nada.
Por alguns segundos, parada, eu me sentia como num desenho animado quando, ainda sem cenário, olhando para os lados a procura das cores. Não gostei.
O pisca-pisca das luzes da cidade sendo apagadas começaram a aparecer. As cirenes não pararam um minuto com a sua sinfonia infernal. Saí­ dali.
- Bom dia! - topei com a minha mãe no meio do corredor. Um pouco atordoada com o sono e o barulho, dei-lhe um beijo.
-... hoje eu não vou mais sair, mãe.

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