2 de outubro de 2017

O R U ?

Hoje eu fui levar um trampo no correio e descobri que uma quadra antes da agência tem um Sebo muito bonito. Fiz o que tinha que fazer e fui conhecer o lugar. Mas, gente do céu... eu não sei qual foi o túnel da vibe bucólica que eu entrei. 
Na verdade tava propício, olha só: Tempo curitibano, friozinho, chuva fina alternada com pancadas, entro no sebo e aquelas estantes gigantescas engolindo minha pequenice de 1 metro e meio de existência, uma música clássica no talo engolindo sonoramente a minha existência e, cuidando do local, um tiozinho com cara de amante de literatura francesa e filosofia sendo engolido por um livro muito grosso e, pra mim, ele era tão alto quanto meias prateleiras. 
Eu venho de uma família com contato muito estreito com os livros. Até o banheiro da casa dos meus pais tem livros e, se acha pouco, ainda tem muitas poesias presas nas paredes do banheiro (pra ler cagando, eu acho). 
De certa forma, não sei porque, perdi um pouco do contato com livros e literatura... eu gosto de ler mas o computador e o celular ocuparam esse espaço nos meus dias (desculpe, mãe!)... acaba que eu não leio mais tanto assim. E nem escuto música clássica.
E aí eu entro naquele lugar e sou engolida, ENGOLIDA pela minha infância/adolescência. Várias coleções de Monteiro Lobato, Mundo de Sofia, Alice, Vinicius de Moraes... E aqueles violinos zunindo na minha mente, aumentando cada vez mais, me fazendo relaxar e ficar tensa com tanto impacto ao mesmo tempo. Meu pai curtia muito escutar música de orquestra em casa... Um pouco eu quis chorar mas fiquei travada em frente a uma prateleira gigante de esoterismo e só conseguia mover a cabeça olhando pra cima e pra baixo correndo os olhos pelos títulos. Que segundos difíceis. 
Circulei pelos corredores, tinha lá tudo o que eu já tinha lido, queria ler, quero ler, ouvi falar, minha mãe contava... Malba Tahan, Khalil Gibran, Richard Bach que a minha mãe tanto ama na prateleira de religião, eu não entendi! Eu não entendia nada! Eu não me entendi por todo esse passeio, eu não me entendo por toda essa existência! 
Pensei "o que eu tô fazendo da minha vida? Olha esse lugar!" Que pensamento mais sem sentido que eu já tive.
Minha manhã hoje foi muito feliz. Eu saí de casa muito feliz e voltei meio louca.
Saí do sebo com mil questões na cabeça. Esse ano meu mapa astral entra numa regência de Gêmeos e, esse sebo, essa chuva, essa música clássica já me preparam pro ano que virá... Cheio de questionamentos e racionalização de absolutamente tudo. Espero só não sofrer muito.Tá tudo bem, Meluzinha, tudo bem.
Entrei numa papelaria que eu acho a mais maravilhosa do mundo porque tem uns crayon quadradinho do tempo da vovó e gastei a fortuna de 32 reais em 3 folhas de papel A2 e uma caneta. Me sentindo uma estúpida, não sabendo o que eu tava fazendo MESMO. Fiz isso. 3 folhas A2 200g e uma caneta a base de álcool de ponta fina. Olha que estupidez! 
Pensei em voltar no sebo e pedir pra ficar lá um pouco... rabiscando... lendo... não sei... me afundando nesse sentimento - que não sei nem dar nome - até que ele se resolvesse dentro de mim. Mas vim pra casa e me empenhei nuns trabalhos que estava me devendo há tempos... e resolvi rabiscar. Não usei nenhum papel daqueles ainda, rabisquei aqui com canetinha base d'água no bom e velho sulfite A4 que custou cincão um pacote com 100 folhas (dignidade!). 
Cheguei em casa e olhei pra mim, pro meu trabalho, pras coisas que eu penso que eu sou, pras 3 folhas novas, pro meu corpo, pras minhas roupas, pro colchão no chão, minha cama desarrumada, pras toalhas que esqueci lá fora na chuva, pro tambor, pra caixa, pra cabaça que vai virar um agbê, pra papelada espalhada com 3402 anotações de trampo, de vontade, de poesia, de loa, de ideia, de rascunho, de lembrete. 
Eu era uma mulher muito feliz de manhã e estou indo dormir acabada de louca. E amanhã vou acordar feliz de novo, principalmente se o tempo abrir. Amanhã eu vou fazer uma tatuagem nova.
A minha tatuagem mais velha, tem 12 anos, é uma "releitura" (??) da lagarta da Alice no País das Maravilhas... quase ninguém lembra da lagarta nessa história porque a participação dela é meio pequena mesmo. Eu me arrependia dessa tatuagem, reclamei dela outro dia ainda. Hoje desarrependi porque parece que o dia foi a minha lagarta.
Quando a Alice encontra a lagarta ela está eufórica, sem saber o que está acontecendo, onde ela está, que que tá pegando. Tenta falar com a lagarta por diversas vezes e a lagarta fica cantando, fumando um narguile, com uma cara de nojo e preguiça ao mesmo tempo... quando a lagarta percebe a Alice, com calma pergunta:
- Quem é você?
- Eu sou Alice - ela responde
E a lagarta retruca:
- Eu não quero saber seu nome. Eu quero saber Quem é você.
Se eu fosse a Alice, na moral, eu ia dizer: PORRA, EU TAMBÉM QUERO SABER! FAZ 27 ANOS QUE EU TÔ TENTANDO SABER!

Um comentário:

Unknown disse...

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