14 de fevereiro de 2013

Cipó


Tive um dia um jardim bonito que cultivava só pra mim. Reguei e vi nascer cada botão, cada flor, cada esperança. Vi crescerem as roseiras e as vi desfolhar para depois florir de novo e de novo. Vi a Hortência, a Jasmim, a pequena Angélica e tantas outras flores que não brotam mais por aqui. Mas a roseira permanece...  em volta dela agora  cresce uma planta que se enrosca nos espinhos e sobe, fazendo morrer as pétalas vermelhas que tanto cuidei.
Essa planta invade sem rumo, invade a casa, a mobília, enrosca-se no pé da mesa e flore em sua base. Faz questão de ser notada, faz questão de ser lembrada.
Amarra-se nas janelas, nas coisas, nos quadros da parede, enlaça o travesseiro, a cama, meus sonhos, meus dias. Prende minha alma na lembrança, exala pranto, no entanto, começo a gostar dela.
Engrossa seu caule a cada dia pois não precisa nunca de água ou adubo. Alimenta-se de ilusão.
Um cipó que chegou, agarrou um espinho e assim tomou todo o espaço que podia, enrolou-se em meus pés e eu simplesmente me deixei enrolar pelas pernas, pelas mãos. Deixei entrar pela boca e agora faz raiz em meu coração.
Agarra as rosas lá fora e as traz pra perto dos meus olhos só pra eu sentir de tudo que deixei morrer, de tudo que deixei...
Minha alma exala pranto, no entanto, gosto assim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi, repassei essa tag para você responder http://naofamosa.blogspot.it/2013/02/respondendo-tag.html
Beijo :*