14 de agosto de 2006

O Bolo Verde

Chegou calmo na padaria, obviamente, para comprar alguns pães para seu solitário café da manhã.
Dirigiu-se até o balcão e pediu à uma mulher, a quem, carinhosamente, chamara de "tia":
- Tia, me vê 2 pães.
Sim, apenas 2 pães, um seria seu café da manhã e outro seria seu almoço, pois não daria tempo de fazer alguma coisinha mais caprichada na cozinha visto que já era quase meio-dia, a fome apertava-lhe e torcia-lhe o estomago e dali algumas horas teria que sair trabalhar.
Pegou os pães e, sem que soubesse que veria então uma coisa tão fascinante, tão incrí­vel, tão extraordinária, virou-se para a vitrina de pães, bolos e doces e viu o que nunca imaginou, em quase 20 anos, que aquilo podeira um dia existir: um bolo verde... VERDE! O espanto foi tanto que abriu um sorriso maior que a face e por muito pouco não soltou uma boa gargalhada.
- Onde já se viu, um bolo verde, acho que estou com algum problema nas vistas - pensava encantado com a delí­cia verde e brilhante que via por trás daquele vidro.
Ah, ele não aguentou, aquilo já era demais!!!
Chamou a "tia" novamente e foi atendido da mesma maneira como se tivesse acabado de entrar no local.
- Pois não, em que posso te ajudar, moço?
- "Tia", é o seguinte, eu gostaria de saber por que aquele bolo é verde?? Como pode? Um bolo verde?! - disse baixinho, quase cochichando, só para que a mulher mesmo ouvisse, mais ninguém.
- É um bolo de limão! - respondeu a mulher, com um sorriso dócil no rosto, como se fosse a coisa mais simples do mundo, como se todos os bolos de limão fossem verdes.
- Bolo verde porque é de limão? E por que caipirinha não é verde também??? - pensou o moço com um pouco de raiva.
Fingindo contentar-se com tal explicação idiota, pagou pelos pães, virou as costas e saiu da padaria a procura de um telefone público.
Assim que achou o mesmo, fez uma breve ligação e descobriu que o motivo do bolo ser verde era porque colocavam corante, assim como nas pipocas-doces e balas que pintam a lí­ngua.
Voltou à padaria, deu uma olhada no bolo verde e sorriu de canto, sem nenhum entusiasmo.
- Corante... humpf... e é tão sem graça...

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